Argentina - Saiba como Sergio Massa e Roberto Lavagna planejam reduzir a inflação e estabilizar a economia!
Argentina - Saiba como Sergio Massa e Roberto Lavagna planejam reduzir a inflação e estabilizar a economia! - Marcos Doniseti!
Sergio Massa e Roberto Lavagna. |
Segundo uma ótima matéria que foi publicada por David Cufré, neste dia 28 de outubro de 2023, no site do excelente jornal argentino 'Página 12', Sergio Massa deu a Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia dos governos de Eduardo Duhalde (2002-2003) e de Nestor Kirchner (2003-2005), a tarefa de coordenar a formulação e implementação de um Plano de Estabilização da economia argentina.
Esse plano será colocado em prática caso a vitória de Sergio Massa se confirme, como mostram várias pesquisas, no 2o. turno da eleição, que será realizado em 20 de Novembro. Duas pesquisas divulgadas nesta semana mostram que a vantagem de Sergio Massa (em votos totais) sobre Javier Milei está entre 8 e 10 pontos percentuais.
O plano econômico terá a colaboração de três equipes de economistas, incluindo os membros da atual equipe de Massa, que é o atual ministro da Economia, de economistas ligados ao Kirchnerismo e, também, de economistas ligados aos governadores Peronistas, que se uniram em torno da candidatura presidencial de Massa.
Assim, o Plano de Estabilização já nascerá com um amplo grau de sustentação política.
Na avaliação de Sergio Massa, cujo perfil o aproxima muito daquele do ministro Fernando Haddad, esse plano 'não pode falhar' e o mesmo terá a palavra final sobre cada proposta que será adotada.
E os pontos principais do plano econômico serão os seguintes:
A) Equilíbrio Fiscal a partir de 2024;
B) Aumento das reservas externas do Banco Central.
E para se conseguir isso o uso do dólar ficará mais restrito, dando-se prioridade, segundo o 'Página 12', "para pagamento de dívidas e qualquer outro uso do dólar que não seja prioritário para o funcionamento da economia".
Com reservas maiores, o Banco Central poderá intervir no mercado cambial, reduzindo o valor do Dólar e, assim, será possível reduzir a inflação, pois na Argentina os preços seguem a variação do Dólar. Então, se o valor deste sobe, os preços sobem na mesma proporção.
C) Medidas de impacto para mudar o rumo da distribuição de renda, que piorou recentemente, permitindo uma melhora nas condições de vida da população.
Caberá a Roberto Lavagna, que é respeitado por todos os setores do Peronismo, fazer a coordenação das várias equipes e analisar as medidas propostas, harmonizando as mesmas. Ela fará isso na condição de coordenador, embora tenha ficado combinado entre ele e Sergio Massa que o mesmo não ocupará o cargo de ministro do futuro governo.
Com a participação e colaboração dessas três equipes de economistas (que são ligados ao próprio Massa, aos kirchneristas e aos governadores Peronistas), Massa irá procurar dar maior sustentação política para o plano econômico que será adotado.
Segundo o próprio Massa, isso não aconteceu no governo de Alberto Fernández, pois as distintas equipes de economistas (ligados aos vários setores do Peronismo) se digladiaram, com cada uma tentando impor sua visão sobre as demais, e o resultado foi a divisão das lideranças da 'Frente de Todos', o que impossibilitou a adoção de medidas efetivas para a superação da gravíssima crise econômica que foi herdada do governo Macri.
Uma das medidas planejadas é reduzir o número de tipos de câmbio, que atualmente está em vinte, para apenas dois, sendo um câmbio financeiro (para acumulação, viagens e pagamento de dívidas) e outro comercial (para exportações e importações).
O aumento das reservas em Dólares por parte do Banco Central argentino será feito de três maneiras:
A) Programa de expansão das exportações, que já foi adotado, e já deverá resultar em aumento das mesmas, elevando as reservas do BC. Estimativas apontam que isso irá gerar US$ 2 Bilhões até o final deste ano;
B) Licitação da tecnologia 5G, que se prevê uma arrecadação de US$ 1 Bilhão;
C) Troca (Swap) de Pesos argentinos por Renminbis chineses (há um acordo entre os dois países, que vigora desde 2014, que permite isso), com estes sendo utilizados para posterior aquisição de Dólares, que daí serão utilizados para controlar a cotação da moeda dos EUA. Isso permitirá reduzir a taxa de inflação, que atualmente está em torno de 140% ao ano.
Somente neste ano foi fechado um acordo no valor de US$ 19 Bilhões e que terá validade pelos próximos 3 anos. Agora, em Outubro, o governo argentina irá usar US$ 6,5 Bilhões para reforçar as sua reservas e pagar dívidas. Esse valor de US$ 19 Bilhões representa 60% das reservas internacionais do Banco Central argentino.
Obs: A palavra Swap significa troca. Assim, a Argentina irá trocar Pesos por Renminbis (a moeda chinesa). Depois, o governo argentino irá usar esses Renminbis para aquisição de Dólares, aumentando as reservas do país na moeda dos EUA, que serve como referência para os preços na economia argentina. Assim, todas as vezes que o Dólar se valoriza em relação ao Peso, os preços também sobem na mesma proporção. Com uma quantidade maior de Dólares em seu poder, o Banco Central da Argentina terá condições de intervir no mercado cambial, reduzindo a cotação do Dólar e, logo, diminuindo a taxa de inflação.
A matéria do 'Página 12' não diz, mas é claro que o fato de que a Argentina irá entrar para os BRICS já a partir de Janeiro de 2024 também será importante para que o provável e futuro governo de Sergio Massa possa vir a ser bem sucedido na adoção desse plano de estabilização.
Que assim seja, pois o povo argentino merece viver em um país com uma economia estável.
LINK:
Massa e Lavagna definem plano de estabilização econômica:
Argentina fechou acordo de Swap com a China para receber 47 Bilhões de Yuans (US$ 6,5 Bilhões):
Acordo de Swap da Argentina com a China chega a US$ 19 Bilhões em 2023:
https://www.pagina12.com.ar/563150-el-shock-del-swap-con-china-cambia-el-comercio
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