Por que o 'Auxílio Brasil' não rendeu frutos eleitorais para Bolsonaro? - Marcos Doniseti!
Bolsonaro estava convencido de que a criação do programa 'Auxílio Brasil' iria permitir que ele ultrapassasse Lula nas pesquisas eleitorais e, assim, fosse reeleito.
E isso não aconteceu.
De fato, entre os beneficiários do Auxílio Brasil o ex-Presidente Lula chega a 59% dos votos, segundo o Datafolha, contra apenas 20% de Bolsonaro.
Qual é o motivo disso?
Isso aconteceu porque o programa criado por Bolsonaro limita-se a distribuir dinheiro para uma parte da população mais pobre, mas enquanto isso a inflação continua em 12% ao ano, os preços dos alimentos, combustíveis, etc, continuam aumentando. Tudo está muito caro.
Além disso, a taxa de desemprego permanece em patamares elevados, em torno de 11% ao ano, sendo que muitos dos novos empregos que são criados são precários, de baixos salários e sem direitos trabalhistas.
Portanto, nestas condições, o dinheiro do Auxílio Brasil sequer banca despesas básicas das famílias pobres, gerando poucos benefícios concretos para quem o recebe.
Então, o fato de Bolsonaro dar dinheiro do Auxílio Brasil para os mais pobres e miseráveis não resolve nada. O programa funciona como uma máquina de enxugar gelo, pois ele não faz parte de uma política de maior alcance para se reduzir a pobreza e a miséria.
Desta maneira, o dinheiro que entra de um lado, pelo programa, sai pelo outro e mal dá para pagar os alimentos, o transporte, roupas, calçados, comprar remédios, etc.
Já o Bolsa Família, criado por Lula em Setembro de 2003, fazia parte de um projeto mais amplo de governo petista que visava reduzir a concentração de renda e promover a inclusão social.
O Bolsa Família era um programa de complementação de renda, não de substituição de renda. Ele nunca foi usado para substituir os salários ou a renda dos mais pobres, mas para complementá-los, aumentando o poder de compra desta vasta e majoritária da população.
Desta maneira, o Bolsa Família também estava conectado com outros programas sociais e de distribuição de renda. Ele fazia parte de uma política de maior alcance, que também promoveu o seguinte:
- Redução do desemprego, que caiu de 12,5%, em 2002, para 4,3%, em 2014);
- Controle da inflação, que caiu de 12,5% ao ano, em 2002, para 6% ao ano, em média, entre 2003-2014;
- Maior acesso à Saúde, com a criação de UPAS, SAMU, Farmácia Popular;
- Aumento real do Salário Mínimo, que subiu 91,3% acima da inflação entre 2003-2016. Todos os anos o Salário Mínimo subia acima da taxa de inflação do ano anterior, o que beneficia 48 milhões de pessoas, incluindo muitos pensionistas do INSS;
- Acesso maior à Educação (via ProUni, Reuni, FIES, Política de Cotas), mais do que dobrando o número de estudantes no Ensino Superior público e privado;
- Construção de 360 IFES (Institutos Federais de Ensino Superior);
- Construção de mais de 1 milhão de cisternas no semiárido nordestino;
- Programas de financiamento da Agricultura Familiar: orçamento anual passou de R$ 3 bilhões, em 2002, para R$ 30 Bilhões nos governos Lula e Dilma;
- Luz Para Todos, que beneficiou 15 milhões de pessoas.
Portanto, o Bolsa Família era a cereja do bolo, mas não era o principal mecanismo de redução da pobreza e da miséria que existia nos governos Lula e Dilma.
O Auxílio Brasil apenas distribui o dinheiro, mas toda a política econômica e social do governo Bolsonaro arrocha os salários, aumenta a inflação (uma das maiores do mundo atualmente), mantém a taxa de desemprego em patamares altíssimos, eleva a taxa Selic frequentemente.
E é justamente em função de tudo isso que a criação do Auxílio Brasil não beneficiou Bolsonaro eleitoralmente. Porém, isso é algo que ele é incapaz de compreender.
Links:
Lula tem 59%, contra 20% de Bolsonaro, entre os beneficiários do Auxílio Brasil:
Universidades e Institutos Federais construídos pelos governos de Lula e Dilma:
https://pt.org.br/confira-as-universidades-e-institutos-federais-criados-pelo-pt/
Renda média dos trabalhadores é a menor da série histórica:
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