Governo Lula, a Direita Tradicional, Bolsonaro, América Latina, Rússia-China, o Sul Global e o novo cenário mundial!

Governo Lula, a Direita Tradicional, Bolsonaro, América Latina, Rússia-China, o Sul Global e o novo cenário mundial! - Marcos Doniseti!

Lula discursa, para cerca de 10 mil pessoas, em ato público realizado em Maceió-AL.

Minha avaliação sobre o atual cenário político, nacional e internacional, neste momento, é a seguinte:

1) Lula X Direita Tradicional X Bolsonaro!

Lula será muito mais resistente do que Bolsonaro em termos de políticas econômica, social e externa. Ele não se dobra facilmente, como já ficou claro.

Lula conversa, dialoga, mas não se dobra. Lula fecha acordos, sim, com outras forças políticas e sociais, mas ele sempre exige algo em troca daqueles com quem os acordos são fechados. Nada sai de graça.

Quem se dobra com facilidade é Bolsonaro, que é apenas um pau-mandado do Grande Capital Financeiro.

A Direita Tradicional percebeu que Lula já venceu a eleição e, agora, tenta enfraquecer Bolsonaro ao máximo, enquanto elege uma grande bancada direitista (não-bolsonarista) para o Congresso Nacional (onde tudo é decidido).

2) Direita Tradicional precisa destruir Bolsonaro para ressuscitar eleitoralmente!

A Direita Tradicional acredita que um Bolsonaro enfraquecido, derrotado já no primeiro turno e que estaria enrolado com a Justiça em função de uma série de irregularidades que ocorreram (e que ainda acontecem) em seu governo, aumentaria as chances de que essa Direita Tradicional ressuscitasse eleitoralmente.

Assim, essa Direita Tradicional passaria a liderar a oposição ao futuro governo Lula, sabotando o mesmo o máximo que puder, com o objetivo de desgastá-lo e derrotá-lo na eleição presidencial de 2026;

Mas a Direita Tradicional sabe que, para ressuscitar eleitoralmente, ela precisa destruir a liderança de Bolsonaro entre o eleitorado de perfil mais conservador e retrógrado. A Direita Tradicional tem que recuperar esse eleitorado.

Sem isso, ela continuará extremamente enfraquecida eleitoralmente, como ficou claro na atual campanha presidencial, quando todas as candidaturas que ela tentou viabilizar (Dória, Leite, Moro, Tebet) naufragaram eleitoralmente.

E esse fracasso aconteceu porque o eleitorado direitista e conservador está fechado com Bolsonaro.

A questão, para a Direita Tradicional, é: Como será possível conseguir destruir a liderança de Bolsonaro entre o eleitorado direitista e, ao mesmo tempo, comandar a oposição ao governo Lula?

A Direita Tradicional usará de todas as suas armas procurando desgastar o futuro governo Lula, mas um futuro Golpe de Estado contra Lula não deverá estar no radar, por vários motivos:

3) Economia brasileira em frangalhos!

A taxa de desemprego disparou no Brasil após o início do movimento golpista, em 2015. Pautas-Bomba, Terrorismo Midiático e Golpe de Estado jogaram o Brasil em uma Depressão Econômica que reduziu o PIB do país de US$ 2,4 Trilhões (2014) para US$ 1,6 Trilhão, acumulando uma forte redução de 33%.

A economia brasileira precisa voltar a crescer o quanto antes.

Afinal, já são 8 anos consecutivos em que o Brasil está mergulhado em uma Depressão econômica (2015-2022), período no qual o PIB do Brasil, em dólares, encolheu 33% (de US$ 2,4 Trilhões para US$ 1,6 Trilhões).

Sem falar que a taxa de inflação, de desemprego e de juros estão, as três, em 2 dígitos anuais (em torno de 11% a 13%). A Dívida Pública Bruta cresceu de 60% do PIB (2015) para 88% do PIB (2022).

Neste cenário é impossível que o Brasil volte a crescer de maneira sustentada. O Brasil, agora, é um país muito mais pobre do que quando começou o movimento golpista contra Dilma, em 2015. E esse cenário trágico começou justamente com o Golpe de 2015-2016.

E se a Direita Tradicional apostar em um futuro Golpe contra o futuro governo Lula as chances dessa recuperação econômica acontecer serão nulas.

Com um novo Golpe, nós teríamos mais alguns anos de turbulência política e institucional, o que iria inviabilizar qualquer possibilidade de retomada do crescimento econômico.

4) Reconstrução Institucional!

As instituições do país já se desgastaram bastante com todo esse processo golpista que tivemos a partir de 2015.

As contínuas violações da legalidade pelo próprio governo Bolsonaro, que não cansa de atacar o STF, a Constituição, o TSE, as urnas eletrônicas e de ameaçar a realização das próximas eleições, contribuem bastante para jogar as instituições em uma situação muito difícil.

As instituições brasileiras precisam, urgentemente, desfrutar de um período de normalidade democrática, por vários anos seguidos, para poder se recuperar desse desgaste.

E somente um governo Lula poderá proporcionar essa normalização democrática e institucional para o país. Com um novo governo Bolsonaro irá acabará de vez.

5) Um cenário global turbulento e em rápida mudança!

Vladimir Putin, líder da Rússa, e Xi Jinping, líder da China, comandam o processo de mudanças no cenário global.

O cenário global vive um período turbulento, mesclando Pandemia de Covid-19, Crise Financeira, Guerra na Ucrânia e Sanções econômicas sobre a Rússia que gerou efeitos catastróficos sobre a economia mundial.

Esse é um mundo que passa por rápidas mudanças, que está enfraquecendo o papel dos EUA e da UE, enquanto fortalece o da Rússia e da China, em especial. Mas também temos a emergência de outros países importantes, tais como a Índia, o Irã, a Turquia e os Países Árabes.

E agora vemos, também, as mudanças na América Latina, com muitos Presidente de perfil Esquerdista ou Progressista sendo eleitos ou reeleitos, o que fortalecerá a liderança de Lula no cenário global, pois ele será o principal líder e porta-voz deste grupo.

6) O cenário externo!

Outro motivo para não termos um Golpe contra o futuro governo Lula é que o cenário internacional está passando por rápidas mudanças, que estão enfraquecendo o papel dos EUA e da União Europeia no cenário mundial, enquanto fortalecem rapidamente o da Rússia e da China;

Rússia e China estão ampliando os BRICS (Argentina já pediu adesão ao grupo) e as duas grandes potências pretendem lançar uma nova moeda de reserva global em breve (lastreada em commodities), o que reduzirá muito a importância do Dólar e do Euro na economia mundial.

Essa mudança, inevitavelmente, irá gerar uma profunda crise financeira mundial e que, inclusive, já começou. Essa crise são as dores do parto do novo mundo que está nascendo. O 'velho mundo' está morrendo e um 'novo mundo' está emergindo.

7) EUA - Crise e conflitos internos se intensificam!

Popularidade de Biden está derretendo e pesquisas mostram que ele poderá vir a ser derrotado por Trump em 2024. Pobre EUA, tendo que escolher entre duas lideranças políticas tão ruins.

Tudo indica que Biden e os Democratas deverão levar uma surra nas eleições de Novembro, o que irá fortalecer Trump e os Republicanos para as eleições de 2024. A popularidade de Biden é cada vez menor.

Além disso, a aprovação do fim do direito constitucional ao aborto, pela Suprema Corte, colocará mais lenha na fogueira da crise política, econômica, social e institucional dos EUA.

Os EUA já enfrentam o julgamento da tentativa de Golpe de Estado por Trump (para impedir a posse de Biden), o grande aumento da inflação (acima de 8% ao ano), a elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve e o início de uma forte Recessão.

E daí, neste novo cenário, teremos que ver qual será a política do governo Biden e dos Democratas, que estarão muito enfraquecidos internamente na segunda metade do seu mandato.

Nestas circunstâncias, de enfraquecimentos dos EUA no mundo e de derrota eleitoral de Biden e dos Democratas internamente, a dúvida que surge é:

Será que o governo Biden irá preferir dialogar com Lula e com os países da região que serão governadores por forças e líderes Progressistas ou irá partir para a sabotagem e adotará planos golpistas ou de desestabilização (via guerras híbridas, revoluções coloridas...) para derrubar estes novos governos, incluindo o de Lula?;

8) América Latina - Lula e os novos presidentes Progressistas da região!

Gustavo Petro e Francia Márquez venceram a eleição presidencial na Colômbia, encerrando décadas de governos direitistas no país. Eles serão os primeiros governantes com origens nas Esquerdas Progressistas que irão governar o país. Vitória da chapa consolida mudanças de rumo nos países da América Latina.

É bom que fique claro: Golpes de Estado, na América Latina, somente são bem sucedidos quando os EUA estão no comando dos mesmos. Sem a participação decisiva dos EUA (no planejamento, organização e execução) nenhum Golpe de Estado triunfa ou dura muito tempo na América Latina. 

Nenhum.

Entendo que, em um primeiro momento, o governo Biden irá dialogar com Lula, tentando fechar acordos pontuais e procurando atrair ao máximo o governo Lula para o seu lado nas principais questões globais.

Dependendo dos resultados desse diálogo o governo Biden poderá ou não apoiar um futuro Golpe de Estado ou plano de desestabilização contra o governo Lula.

Tudo indica que, no entanto, muito dificilmente o governo Biden tentará derrubar o futuro governo Lula, por vários motivos, principalmente pela situação interna ruim do governo Biden e dos Democratas e também em função de um cenário global turbulento, no qual os EUA estão, inegavelmente, se enfraquecendo.

Nestas circunstâncias, dificilmente o governo Biden e os Democratas (que estarão enfraquecidos pela derrota eleitoral de Novembro) apostarão em um Golpe contra Lula. Tudo indica que Biden e os Democratas irão preferir o diálogo com o futuro governo Lula. 

O analista de geopolítica brasileiro Pepe Escobar disse que haverá uma tentativa de cooptação do governo Lula por parte do governo Biden, o que é muito provável, mas se essa tentativa falhar, o que o governo dos Democratas irá fazer?

Além disso, as força de Esquerda Progressista estão se fortalecendo na América Latina, vencendo sucessivas eleições presidenciais: México (Manuel Lopez Obrador), Nicarágua (Daniel Ortega), Venezuela (Nicolás Maduro), Argentina (Alberto Fernández), Bolívia (Luis Arce), Peru (Pedro Castillo), Honduras (Xiomara Castro), Chile (Gabriel Boric) e Colômbia (Gustavo Petro) foram os casos mais recentes.

A vitória de Lula, no Brasil, fortaleceria bastante esse fenômeno, ainda mais se ele conseguir ganhar a eleição já no primeiro turno, até porque o Brasil é o maior, mais rico e mais populoso país latino-americano.

Entendo que Lula, claramente, vai conversar com todos esses Presidentes e irá se projetar como o porta-voz e líder desse grupo Progressista latino-americano no cenário mundial.

Assim, esse grupo de Presidentes de Esquerda Progressista latino-americano passaria a ter em Lula um líder respeitado e reconhecido internacionalmente pelos demais atores internacionais, incluindo os EUA, a União Europeia, Rússia, China, Índia e por todo o Sul Global;

9) Diálogo com a comunidade internacional!

Lula e Olaf Scholz (Social Democrata), o novo Chanceler da Alemanha.

Lula também possui um bom diálogo com as duas grandes forças políticas que lideram a União Europeia, que são os Social Democratas (Olaf Scholz, Pedro Sanchez, JL Mélenchon) e os Liberais (Macron, Ursula von der Leyen).

E Lula, sendo eleito presidente com uma vitória consagradora, já no primeiro turno, estará muito fortalecido interna e externamente, até mesmo para dialogar com o governo Biden.

Neste novo cenário político e eleitoral da América Latina, os EUA não terão outra opção que não seja dialogar com esses novos Presidentes progressistas da região e com o próprio Lula.

Afinal, Lula não estará falando apenas por ele, mas por todo  o grupo de presidentes Progressistas da América Latina.

E um futuro governo Lula também irá, com certeza, aproximar muito o Brasil dos BRICS, ao mesmo tempo em que irá se tornar o principal porta-voz e líder da América Latina e de grande parte do Sul Global neste cenário mundial turbulento.

Os países do Sul Global estão sofrendo muito, ainda, com os efeitos das últimas grandes crises internacionais: Financeira de 2008-2009, Pandemia de Covid-19, Guerra da Ucrânia, Sanções contra a Rússia.

Não há ninguém no Mundo, neste momento, que fale pelos interesses do Sul Global. Lula será essa liderança e também será o principal porta-voz de países que representam a maioria absoluta da população mundial (América Latina, África e parte da Ásia).

O mundo está pedindo por isso.

O mundo precisa de um líder com o perfil e as características de Lula. 

O atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, recebeu Lula recentemente, em Março de 2022.
Links:

Lula é muito importante ‘na América Latina e no Mundo’, diz presidente do México:

https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2022/03/presidenter-mexico-lula-muito-importante-america-latina-mundo/

Olaf Scholz se diz muito satisfeito após reunião com Lula:

https://www.dw.com/pt-br/estou-muito-satisfeito-diz-scholz-ap%C3%B3s-reuni%C3%A3o-com-lula/a-59811354

Como foi o encontro entre Lula e Macron:

https://www.bbc.com/portuguese/geral-59326503

Vitória de Gustavo Petro repercute na América Latina:

https://www.brasil247.com/americalatina/vitoria-de-gustavo-petro-repercute-na-america-latina

Alberto Fernández pede inclusão da Argentina nos BRICS:

https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2022/06/presidente-alberto-fernandez-pede-inclusao-da-argentina-no-brics/

EUA colocam fim ao aborto como direito constitucional:

https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2022/06/eua-suspendem-direito-aborto-legal-retrocesso-de-meio-seculo/

Putin fala sobre criação de moeda de reserva dos BRICS:

https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2022/06/putin-fala-em-criar-moeda-para-os-paises-do-brics-china-critica-otan/

Conhecendo Gustavo Petro, o novo presidente da Colômbia:

https://www.brasildefato.com.br/2022/03/14/gustavo-petro-quem-e-o-esquerdista-que-pode-ser-presidente-da-colombia

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