Bolsonaro e a sua estratégia realista para sobreviver politicamente a partir de 2023!

Bolsonaro e a sua estratégia realista para sobreviver politicamente a partir de 2023! - Marcos Doniseti!

Lula discursa para mais de 10 mil pessoas em ato político realizado no Centro de Convenções de Maceió (17/06). No dia anterior o ex-Presidente, que lidera todas as pesquisas eleitorais e tem chances de liquidar a eleição no primeiro turno, também discursou para cerca de 30 mil
pessoas em Natal-RN. Foto de Ricardo Stuckert.

Bolsonaro e a sua sobrevivência política!

Tudo indica que Bolsonaro e os seus principais aliados sabem que já perderam essa eleição presidencial e que eles não tem como agir para impedir a vitória de Lula.

Então, o que o Bolsonaro faz? Ele reforça ainda mais os seus laços políticos, simbólicos e emocionais com o seu eleitorado, que é muito significativo, reunindo cerca de 33% do total nacional.

Bolsonaro faz isso com o objetivo de garantir uma significativa força política em estados onde ele está longe de ter sido enterrado e ainda possui muita força eleitoral: RJ, SP, PR, RS, SC, no Centro-Oeste e em parte da região Norte, como o AC, RO, RR.

Essa estratégia tem, sim, chances reais de ser bem sucedida, embora isso não possa ser garantido, é claro.

Digamos que Bolsonaro consiga derrotar Lula em muitos destes estados e perder de pouco em SP, RJ e MG. Além disso, digamos que ele consiga eleger ou reeleger vários governadores bolsonaristas ou que são próximos do bolsonarismo.

E digamos que os partidos mais próximos e identificados com o bolsonarismo consigam, também, eleger uma grande bancada de deputados federais e senadores.

Se o Bolsonaro consegue tudo isso, então ele terá força política e eleitoral para liderar a oposição ao futuro governo Lula, pois terá alguns bastiões bastante sólidos para lhe dar sustentação política, bem como para impedir que ações judiciais possam vir a resultar na prisão dele ou de alguns dos seus filhos e aliados políticos mais importantes.

Assim, entendo que Bolsonaro já adotou, na verdade, uma estratégia não para vencer a eleição presidencial (que ele sabe que já perdeu), mas para garantir a sua sobrevivência política e eleitoral a partir de 2023, como líder da oposição ao governo Lula.

Do ponto de vista da Realpolitik esta seria, de fato, nas circunstâncias atuais, a estratégia mais adequada e me parece que ela já foi adotada por Bolsonaro.

Polarização política e ideológica - Civilização X Barbárie!

Lula (PT) e Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato ao governo de Minas Gerais, em ato realizado em Uberlândia-MG, que reuniu cerca de 10 mil pessoas. Nos 4 atos da semana (Uberlândia, Natal, Maceió e Aracaju) o ex-Presidente Lula discursou para cerca de 60 mil pessoas. Qual outra liderança política que consegue isso no Brasil? Não tem. Foto de Ricardo Stuckert.

Estou convencido de que as principais batalhas políticas e eleitorais que irão acontecer no Brasil nas próximas décadas irão ocorrer entre uma Centro Esquerda Progressista e Lulista e, de outro lado, a Extrema Direita Bolsonarista.

A Direita Tradicional encolheu fortemente e dificilmente irá se recuperar tão cedo, ainda mais com ela apoiando políticas que são nefastas para quase toda a população (dolarização de preços dos combustíveis, arrocho salarial, privatizações, etc).

Essa polarização política e ideológica veio para ficar, sem dúvida alguma.

Assim, de um lado, nós temos as forças do que podemos chamar de uma Frente Democrática Lulista e Progressista, de Centro Esquerda, mas que também engloba forças de Centro Direita e da Direita Tradicional, que possui um perfil civilizado e democrático.

Enquanto isso, do outro lado, nós temos o Bolsonarismo Retrógrado, de Direita Radical e que possui uma natureza autoritária, violenta, troglodita e extremista, o que se comprova quando os seus seguidores chegam a defender o fechamento do STF e usam drones para jogar veneno em atos públicos pacíficos de lulistas, petistas e esquerdistas.

Os bolsonaristas também defendem ou, pelo menos, justificam os assassinatos de lideranças e militantes de movimentos sociais (sem terra, sem teto, LGB, indígenas...), sempre procurando culpar as vítimas pelos crimes.

Assim, as eleições de 2022 possuem, claramente, um caráter definidor para o tipo de país que teremos nas próximas décadas, envolvendo forças que defendem a Civilização (lideradas por Lula), contra as forças que defendem a Barbárie (lideradas por Bolsonaro).