O que deverá mudar com a provável vitória de Biden? - Marcos Doniseti!
Trump já demonstra um desespero crescente com relação à sua provável derrota na eleição do dia 03 de Novembro. Ele já chegou a dizer que não irá respeitar o resultado se for derrotado.
Então, em função disso, já é possível afirmar que, caso Biden não faça nenhuma loucura, ele deverá ser eleito o novo Presidente dos EUA.
Muitas pessoas perguntam o que isso irá mudar? O que Biden fará de diferente em comparação com o governo Trump?
Bem, vamos deixar claro uma coisa: Todos os governos dos EUA são imperialistas, sem dúvida, pois os EUA são um Império Global que atuam no mundo inteiro em defesa dos seus interesses. E para isso promovem Guerras, Golpes de Estado e processos de Desestabilização pelo mundo afora com o objetivo de derrubar governos que não se submetem aos seus interesses.
E isso acontece em governos dos Democratas e também em governos Republicanos.
Mas a política externa dos EUA irá mudar, sim, com a vitória de Biden, em função de vários fatores, que comentarei a seguir.
Essa mudança irá acontecer até porque o cenário internacional passou por muitas mudanças significativas nos últimos anos, tais como:
- A crise do Neoliberalismo, que somente se mantém à tona devido ao apoio do Estado, que jogou Trilhões de Dólares nas economias dos EUA, Japão e da UE para evitar que as mesmas afundassem em uma Grande Depressão de proporções catastróficas, muito piores do que a dos anos 1930;
- A ascensão cada vez mais rápida da China e da Rússia, principalmente em áreas de alta tecnologia e no setor militar;
- A Pandemia de Covid-19, que Trump subestimou e que, agora, paga um alto preço em função disso;
- A devastação ambiental, cujos efeitos estão se intensificando no mundo todo e que é apoiada por Trump.
As políticas de Trump fracassaram totalmente e agravaram todos estes problemas. Então, até em função disso, Biden terá que, obrigatoriamente, abandonar as políticas do governo Trump e adotar outras, bem diferentes.
A mudança não acontecerá em todas as áreas, mas em alguns aspectos importantes nós deveremos ter mudanças reais, tais como:
1) Questão Ambiental!
Na questão do meio ambiente, por exemplo, os Democratas são muito mais rigorosos e na entrevista o Chomsky explica os motivos disso, que é a existência de um forte movimento envolvendo o eleitorado do Partido Democrata, principalmente entre os mais jovens.
Trump tirou os EUA do Acordo de Paris e estimula a devastação do meio ambiente em escala global, com o objetivo de aumentar a margem de lucro de mineradoras, madeireiras, empresas de petróleo, etc.
Já os democratas tem uma base eleitoral que dá muito valor para a questão ambiental e, por isso, Biden terá que ser duro nesse assunto.
De fato, ele terá que adotar a agenda do Green New Deal, defendida pela maioria absoluta dos eleitores Democratas, principalmente dos mais jovens, que apoiaram maciçamente Sanders na campanha interna;
2) Fracasso na economia!
Além disso, a política econômica de Trump é um fracasso, tendo gerado um forte aumento da Dívida Pública, e isso já estava acontecendo ANTES da Pandemia.
Nos 3 primeiros anos do seu mandato, a Dívida Pública tinha aumentado em US$ 4 Trilhões e o Déficit Público anual estava em US$ 1 Trilhão, o que deixa claro o fracasso da sua política econômica, que beneficiou apenas os mais ricos e as grandes corporações, cuja tributação foi drasticamente reduzida por Trump;
3) Pandemia de Covid-19 - Outro fracasso de Trump!
Trump também fracassou totalmente no combate á Pandemia, pois tratou a Covid-19 como se fosse uma gripezinha, um resfriadinho, embora tivesse sido alertado por cientistas ligados ao governo da gravidade da Pandemia, já em Janeiro deste ano, que o avisaram que a Pandemia iria provocar muitas mortes.
Seu governo enfraqueceu os principais órgaõs de saúde e científicos dos EUA, como o CDC, por exemplo.
Com os Democratas governando, tais políticas serão revertidas, o que irá enfraquecer os Negacionistas em escala mundial;
4) Neofascismo Globalizado!
Além disso, o governo Trump é o principal sustentáculo do Neofascismo Globalizado (como o Hitler e o Mussolini foram do Nazifascismo nos anos 1930 e 1940).
Este Neofascismo Globalizado ficará bastante enfraquecido com a sua derrota e caminhará para o seu definhamento.
Assim, líderes e partidos como Bolsonaro, Boris Johnson, Matteo Salvini, Marine Le Pen, Viktor Orban, Macri, o 'Vox' espanhol, o 'Chega' de Portugal, que são todos Neofascistas, irão se enfraquecer bastante com a derrota de Trump;
5) Questões étnica-racial, feminista, imigrantes e LGBT!
Enquanto o Trump apoia de forma ostensiva os grupos paramilitares de Extrema-Direita e os supremacistas brancos, Biden e os Democratas são fortemente ligados a movimentos antifascistas e antiracistas, como o 'Black Lives Matter'.
E tal mudança de política terá implicações globais.
Movimentos como os dos negros, das mulheres e do LGBT também serão fortalecidos em um governo de Biden, pois os Democratas sempre contaram com um apoio maciço dos mesmos.
Uma pesquisa recente mostrou que o voto das mulheres em Biden chega a 2/3 do eleitorado feminino em escala nacional.
A política de Trump para a imigração ilegal também fracassou e, neste assunto, os Democratas são defensores de uma política mais flexível, que reconheça os direitos de muitos dos imigrantes ilegais no país.
Não é à toa, assim, que entre o eleitorado de origem latino-americana o Biden ganhe de Trump com folga.
Inclusive, isso já está ameaçando a vitória de Trump em estados onde os Republicanos sempre venceram com boa margem, como o Texas e o Arizona, onde a população latina cresceu bastante e a participação eleitoral deles está crescendo;
6) Ascensão da China e da Rússia!
O governo de Trump também fracassou na questão envolvendo o fortalecimento da China e da Rússia no cenário mundial, foi derrotado na Guerra da Síria e no conflito com o Irã e ainda foi obrigado a dialogar com a Coreia do Norte.
Logo, até em função do fracasso de suass políticas em todos estes assuntos, o governo de Biden terá que repensar as mesmas. Quais mudanças serão realizadas ainda não sabemos, mas elas irão acontecer;
7) Mudanças em perspectiva!
Portanto, todas essas são áreas nas quais há reais diferenças entre os Democratas e os Republicanos, seja por uma questão de princípios e de interesses envolvidos (questão ambiental, por exemplo), seja em função do fracasso do governo Trump (na Pandemia, economia, China...).
Em outros assuntos há maior proximidade entre os dois partidos, mas nestas questões as diferenças entre Democratas e Republicanos existem, sim.
Biden não fará um governo de esquerda, é claro, mas ele é um Direitista Tradicional, que se aproxima de posições progressistas em vários temas (meio ambiente, direitos dos negros, das mulheres, LGBT, imigrantes, por exemplo) e não um Neofascista Reacionário e Troglodita como é o Trump.
Este fato é reconhecido até mesmo por alguém como Noam Chomsky, que diz que a plataforma de governo de Joe Biden é a mais progressista de um candidato Democrata em muitos anos. E isso acontece porque existem fortes movimentos sociais organizados nos EUA que estão lutando para que mudanças de caráter progressistas aconteçam nos EUA e no mundo.
Mas é claro que será necessário uma forte pressão interna para que essas mudanças se concretizem, como também diz, corretamente, o Chomsky em sua entrevista.
Afinal, nada muda por combustão espontânea em uma sociedade. É necessário fazer pressão intensa sobre os governantes, como afirma o Chomsky.
Logo, é uma simplificação grotesca e patética dizer que 'nada irá mudar' em um eventual governo de Biden quando comparamos com a catástrofe humanitária e civilizatória que é o governo neofascista de Trump.
8) Pesquisa diária mostra Biden com 11,2 p.p. de vantagem sobre Trump! Biden é forte até em estados Republicanos e tem vantagem nos estados-chave!
Uma pesquisa, realizada diariamente pela 'USC Dornsife', mostra uma grande estabilidade nas intenções de voto dos dois candidatos, o que demonstra que dificilmente Trump vencerá a eleição do dia 3 de Novembro.
Assim, em 24/08, por exemplo, Biden tinha 52,5%, contra apenas 40% de Trump (+12,5 p.p.). E agora, no dia 09/10, Biden tem 53,1%, contra apenas 41,9% de Trump (+ 11,2 p.p.).
Logo, ocorreu apenas uma muito pequena oscilação, dentro da margem de erro, nas intenções de voto de Biden e Trump. Na prática, o resultado das intenções de voto nos dois candidatos se manteve o mesmo neste período de 46 dias.
Portanto, a diferença a favor de Biden se mantém estável, com uma margem boa a seu favor (entre 11,2 e 12,5 p.p.) e isso acontece já há bastante tempo.
É bom esclarecer, também, que as pesquisas realizadas nos estados-chave, que irão decidir o resultado da eleição (que é vencida por quem conquista mais votos no Colégio Eleitoral), também são favoráveis à Biden, que lidera no Arizona, Carolina do Norte, Colorado, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.
Biden também trava uma disputa acirrada com Trump até mesmo em estados tradicionalmente Republicanos, como são os casos do Texas e da Georgia. E na Flórida também ocorre uma disputa acirrada entre os dois.
Avante, Biden! Fora, Trump!




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