Modelo econômico Neoliberal Ultrarradical Colonial explica a disparada do preço da carne!

Modelo econômico Neoliberal Ultrarradical Colonial explica a disparada do preço da carne! - Marcos Doniseti!

A disparada do preço da carne é resultado da política Neoliberal Ultrarradical, que defende o chamado 'Livre Mercado Desregulado', que passou a ser adotada a partir do governo Temer e que foi aprofundada pelo governo Bolsonaro.

Essa disparada do preço da carne que ocorre no Brasil neste momento é resultado direto do modelo econômico Neoliberal Ultrarradical Colonial que foi implantado a partir do governo Temer/Meirelles e que foi aprofundado pelo governo Bolsonaro/Paulo Guedes.

Vou procurar explicar, de forma resumida, como funciona esse modelo econômico:

1) O Neoliberalismo Ultrarradical Colonial desmantela todas as políticas públicas, entregando o controle da economia e da área social para o setor privado, principalmente para o Capital Estrangeiro.

Foi isso que o Chile fez na época da Ditadura assassina e corrupta de Pinochet, privatizando as estatais (menos a do cobre, principal riqueza do país), a saúde, a educação e a Previdência Social.

Assim, quem quiser ter acesso a estes bens e serviços tem que pagar. E como a maioria da população não tem renda para pagar por tudo isso, em algum momento a população acabará se rebelando contra o mesmo. 

Foi contra esse modelo Neoliberal Ultrarradical Colonial que os povos do Chile, Colômbia e Equador saíram às ruas e é para impedir que tal modelo venha a ser implantado na Bolívia que o povo deste país está exigindo o fim da Ditadura assassina de Jeanine Añez; 

2) O Neoliberalismo Ultrarradical resulta no aumento da concentração de renda e das desigualdades sociais, empobrecendo a imensa maioria absoluta da população (uns 90%, pelo menos), impedindo que a economia cresça com base no mercado interno, pois este fica permanentemente estagnado devido à queda do poder de compra da população. 

No Brasil, por exemplo, há vários anos que não temos crescimento econômico algum, sendo que a Renda per Capita atual é 9% inferior ao que era em 2014. A única possibilidade de crescimento, neste momento, com esse modelo econômico, é aumentando continuamente as exportações;
A forte redução dos investimentos públicos que ocorreu nos últimos anos, principalmente a partir de 2017, explica muito da situação de Recessão Permanente em que o Brasil se encontra atualmente.

3) A adoção do Neoliberalismo Ultrarradical Colonial leva à liberalização total da economia brasileira para a entrada de investimentos (produtivos e especulativos), bens e serviços estrangeiros no país, gerando a desindustrialização do país (pois as indústrias do país não conseguem competir com as importações originárias dos países ricos), bem como privilegia a produção e a exportação de matérias-primas (minérios e alimentos);

4) Sem indústrias e com o mercado interno estagnado, o Brasil torna-se totalmente dependente da produção e exportação de matérias-primas, de bens primários (minérios e alimentos), para fazer com que a sua economia possa continuar crescendo;

5) Assim, os produtores nacionais passam a privilegiar o abastecimento do mercado externo, em prejuízo de um estagnado e empobrecido mercado interno, pois somente assim eles podem continuar produzindo e obtendo elevadas margens de lucro.

Em resumo, este é o mesmo modelo econômico que vigorou no Brasil durante o Período Colonial, quando exportava-se alguns produtos básicos com grande mercado externo (açúcar, carne, fumo, couro, aguardente/cachaça) e importava-se todo o restante (alimentos, manufaturados, equipamentos para os Engenhos, móveis e bens para as residências dos ricos...);

6) Esse modelo econômico torna o Brasil totalmente dependente da situação econômica internacional, pois o preço das matérias-primas (como a carne, soja, milho, petróleo...) é definido pelo mercado internacional, nas chamadas 'Bolsas de Mercadorias' (na de Chicago, que é a maior do mundo, em especial);

7) Quando o preço das matérias-primas (caso da carne) sobe bastante no mercado internacional os produtores brasileiros passam a priorizar o abastecimento do mercado externo, muito mais lucrativo, e abandonam o mercado interno, gerando desabastecimento e disparada dos preços destes produtos.

Assim, a economia do país passa a ser estruturada e organizada inteiramente em função do atendimento das necessidades do mercado externo, tal como acontecia durante o Período Colonial;
O poder de compra do Salário Mínimo aumentou bastante a partir de 2003, quando o governo Lula passou a reajustar o mesmo em patamares sempre acima da inflação. Tal política foi mantida até 2016, quando tivemos o Golpe que derrubou o governo Dilma.

8) Mesmo que os preços das matérias-primas não subam no exterior, uma forte maxidesvalorização do Real também acaba contribuindo decisivamente para que os produtores de matérias-primas privilegiem as exportações, abandonando o mercado interno. 

Isso ocorre porque, com a maxidesvalorização do Real, as exportações permitem obter um lucro maior (em Reais) do que se tais produtos fossem vendidos no mercado interno. Afinal, os capitalistas investem naquilo que é mais lucrativo (exportações), não se preocupando em atender as necessidades da população, até porque o Capitalismo existe para atender aos interesses do Capital e não do ser humano;

9) Em 2019 as exportações brasileiras caíram fortemente e com isso o superávit comercial do país desabou, sofrendo uma forte queda (de 27,4%) no acumulado até o final de Outubro.

Para recuperar a competitividade das exportações brasileiras, elevar novamente o superávit comercial e tentar fazer a economia crescer, o ministro Paulo Guedes permitiu que ocorresse uma maxidesvalorização do Real em 2019, pois isso aumenta o lucro dos exportadores.

Assim, no dia 31/12/2018 o Dólar estava cotado a R$ 3,87 e agora ele está cotado a R$ 4,25, o que representa uma desvalorização do Real de 9,8%, um patamar bem acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses (2,54%; IPCA). 

Assim, a desvalorização do Real permite que as exportações do país voltem a ser competitivas e mais lucrativas, pois os exportadores recebem mais Reais por cada Dólar exportado, podendo vender os seus produtos a um preço menor no mercado internacional, onde eles são pagos em Dólares;
A taxa de inflação (IPCA; média anual) caiu para o menor patamar da história durante os governos Lula e Dilma (em torno de 6% ao ano).

10) Porém, esse estímulo às exportações pode acabar provocando uma situação de desabastecimento no mercado interno de alguns produtos, elevando os preços para o consumidor brasileiro de forma bastante rápida e acelerada. 

Foi isso que aconteceu com a carne, pois os exportadores decidiram aproveitar a forte desvalorização do Real e a maior demanda chinesa pela carne brasileira para aumentar as exportações e aumentar os seus lucros, levando ao desabastecimento do mercado interno, principalmente daquelas carnes de melhor qualidade;

11) Com isso, o preço da carne acabou disparando, pois os produtores só querem saber de exportar a fim de aproveitar os maiores lucros proporcionados pela demanda chinesa e pela maxidesvalorização do Real que tivemos em 2019;

12) Sem o abandono do modelo econômico Neoliberal Ultrarradical Colonial, que desregula o mercado, é concentrador de renda e desindustrializante e torna o país inteiramente dependente da situação econômica internacional, o Brasil continuará dependendo de produção e exportação de matérias-primas;

13) Assim, essas situações de disparada dos preços destes produtos (bens primários, como carne, soja, petróleo...) irão se repetir continuamente. Agora aconteceu com a carne. No futuro, poderá vir a acontecer com outros produtos. 

Obs: Em função da forte desvalorização do Real e do Peso em relação ao Dólar, o governo dos EUA anunciou que irá aumentar as exportações de aço e de alumínio do Brasil e da Argentina, pois essa desvalorização prejudica os fazendeiros dos EUA. Será que, desta maneira, o governo Bolsonaro irá aprender que fazer tudo o que os EUA desejam, submetendo-se totalmente aos interesses estratégicos do 'Grande Irmão do Norte', não é bom para o Brasil? Duvido.
No Chile a população está nas ruas, desde o final de Setembro, protestando contra o modelo econômico Neoliberal Ultrarradical Colonial que foi imposto pela Ditadura assassina e corrupta de Pinochet, exigindo o fim do mesmo. Enquanto isso, no Brasil, os governos Temer e Bolsonaro começaram a implantar um modelo semelhante.

Links:

Trump anuncia aumento de tarifas de importação para o aço e o alumínio originários do Brasil e da Argentina:https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1201455858636472320

Aumento de exportações gera disparada do preço da carne no mercado interno:

Superávit comercial brasileiro sofre queda de 27,4% até Outubro de 2019:
https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2019/11/01/balanca-comercial-brasileira-tem-pior-outubro-em-cinco-anos-com-superavit-de-us1206-bi.htm

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