Uruguai: Candidato da Direita Tradicional, Lacalle Pou vence a eleição, mas dependerá de apoio da Extrema-Direita para governar e já está enfraquecido!

Uruguai: Candidato da Direita Tradicional, Lacalle Pou vence a eleição, mas dependerá de apoio da Extrema-Direita para governar e já está enfraquecido! - Marcos Doniseti!
Luis Lacalle Pou venceu a eleição presidencial deste domingo (24/11), mas com uma vantagem muito pequena, de apenas 28.600 votos, sobre o candidato da Frente Ampla (Daniel Martínez). E o seu partido é minoritário no Congresso Nacional.

Afinal, como é que um  candidato que acabou de ser eleito Presidente já sabe que irá comandar um governo enfraquecido?


Isso foi o que aconteceu no Uruguai neste domingo.

Aqui eu irei procurar explicar o motivo disso!

O candidato da Direita Tradicional, o neoliberal Lacalle Pou venceu a eleição, mas não irá levar.

Isso irá acontecer porque ele irá comandar um governo fraco, pois teve apenas 28% dos votos no primeiro turno (contra 39% de Daniel Martinez, da Frente Ampla) e, para vencer a eleição, ele teve que fazer aliança com a Extrema-Direita (Manini Rios).

E o seu partido (Nacional) elegeu uma bancada minoritária na Câmara dos Deputados e no Senado.

Para ter maioria, Lacalle Pou terá que manter a aliança feita com a Extrema-Direita, representada por Manini Rios e seu partido (Cabildo Abierto). Sem os votos dos deputados e dos senadores da Extrema-Direita, o governo de Lacalle Pou ficará em minoria no Congresso Nacional.

Mas se ele governar em aliança com a Extrema-Direita, de Manini Rios (Cabildo Abierto), então isso poderá afastar ainda mais o eleitorado majoritariamente moderado, centrista, que votou nele nesta eleição, jogando o mesmo no colo da Frente Ampla.
Lacalle Pou dependerá do apoio da Extrema-Direita para poder governar. Mas isso poderá jogar uma grande parte do seu eleitorado, de perfil moderado e centrista, nos braços da Frente Ampla. Em pouco tempo de governo ele poderá estar enfrentando significativos protestos populares.

E neste domingo essa migração de votos para a Frente Ampla já aconteceu.

Uma parte do eleitorado centrista de Lacalle Pou votou em Daniel Martínez, da Frente Ampla, devido a um vídeo que continha um discurso bastante agressivo de Manini Rios e também devido a mensagens agressivas que foram divulgadas, pelo WhatsApp, pela Extrema-Direita.

Assim, caso Lacalle Pou mantenha a sua aliança com a Extrema-Direita (que irá cobrar caro o apoio ao seu governo), então daqui a alguns meses o povo uruguaio poderá estar nas ruas, protestando maciçamente contra o seu governo.

Isso é o que já ocorre atualmente na Colômbia contra o governo Neoliberal de Ivan Duque, que foi eleito em Junho de 2018 e já enfrenta fortíssima mobilização popular contra o seu governo. 

Sebastián Piñera (Chile) e Lenin Moreno (Equador) também enfrentaram fortíssimas mobilizações populares contra os seus governos Neoliberais recentemente, pois comandam governos que são bastante rejeitados pela população (cerca de 80% a 85% dos chilenos e equatorianos rejeitam os seus governos). E ambos foram eleitos diretamente pelo povo. 

E no caso de Lacalle Pou, se ele tentar governar sem a Extrema-Direita (Manini Rios/Cabildo Abierto), então ele passará a depender de fazer acordos políticos com a Frente Ampla, que elegeu a maior bancada de deputados e de senadores.

Mas a questão é que a Frente Ampla rejeita as políticas Neoliberais de privatizações, arrocho salarial e de redução de investimentos públicos que são defendidas por Lacalle Pou.
Manifestação da Frente Ampla, com Daniel Martínez, que cresceu no último dia e quase virou a disputa.

Assim, é como se Lacalle Pou já estivesse entre a cruz e a espada antes mesmo de tomar posse na Presidência do país.

Logo, o seu governo já nasce enfraquecido e com o seu campo de atuação bastante limitado.

O fato concreto é que a sua ambição de vencer a eleição a qualquer preço o levou a fazer uma aliança com uma Extrema-Direita bastante agressiva e que mostrou as garras na reta final da campanha, o que já afastou uma parte do seu eleitorado em direção à Frente Ampla.

Com isso o candidato da Frente Ampla (Daniel Martínez) praticamente empatou a eleição com Lacalle Pou, sendo que as pesquisas mostravam o candidato direitista do Partido Nacional com boa vantagem até há poucos dias (entre 6 e 8 pontos).

Logo, houve uma migração significativa de votos para Martínez no próprio dia da eleição e se a campanha durasse mais um dia que fosse o candidato da Frente Ampla teria sido eleito.

Portanto, agora Lacalle Pou pagará o preço desta ambição e deste acordo feito com o 'Capeta' (Manini Rios).

Lacalle Pou foi mais um que esqueceu a lição dos espanhóis: Não criem corvos, porque quando eles crescerem irão comer os seus olhos. 
No primeiro turno o candidato da Direita Tradicional (Lacalle Pou) teve apenas 28,6% dos votos. Seu partido é minoritário no Congresso Nacional. Para vencer, ele teve que fazer aliança até com a Extrema-Direita (Manini Rios) para vencer a eleição, mas isso assustou uma parte do eleitorado centrista, que migrou para a Frente Ampla. Com isso, Lacalle Pou já tomará posse como um presidente enfraquecido.

Link:

https://www.brasil247.com/blog/o-dilema-da-direita-uruguaia-na-coalizao-com-o-fascismo

Comentários