Por que o Golpe na Bolívia ainda não está consolidado e poderá fracassar? - Marcos Doniseti!
Assim, o povo boliviano está obrigando os militares a reprimir o povo que protesta contra o Golpe, mas eles não estão muito dispostos a sujar as suas mãos de sangue.
É bom lembrar que o "Caracazzo", que ocorreu na Venezuela em 2003, quando Carlos Andrés Peres mandou o Exército matar mais de 3 mil pessoas, o que gerou o Chavismo, que foi um movimento de oficiais de média e baixa patente que se rebelou contra Andrés Peres, tentando derrubar o seu governo, que já estava totalmente desmoralizado.
-Matar a Evo (o callarlo en una celda)
-Cortar en seco las protestas contra el golpe
-Juramentar nuevo gobierno
-Cohesionar a los golpistas y las vocerías
-No exponer demasiado a los militares
O fato concreto é que o Golpe de Estado contra Evo Morales ainda está longe de poder ser considerado consolidado.
Então, pode-se perguntar o que está, afinal, faltando para que este Golpe de Estado, de natureza claramente racista, elitista, entreguista e neofascista, possa vir a realmente triunfar na Bolívia?
Falta o seguinte:
1) Matar Evo Morales (já fracassou):
A sobrevivência de Evo Morales foi uma derrota dos Golpistas, pois o povo boliviano está saindo às ruas exigindo o retorno dele à Presidência, o que jamais estaria acontecendo se ele tivesse permanecido no país e fosse assassinado, é claro;
2) Impedir os protestos contra o Golpe.
Os golpistas não estão conseguindo isso também.
La Paz está tomada pelo povo boliviano que luta contra o Golpe e que pede a volta de Evo Morales, bem como o retorno à ordem Constitucional. Os paramilitares e os golpistas foram expulsos de La Paz, que está sob o controle dos defensores de Evo Morales e que exigem o retorno do mesmo à Bolívia.
A COB (Central Operária Boliviana) já avisou que começará uma Greve Geral se, em no máximo 24 horas, a ordem Constitucional não for restabelecida;
3) Falta o novo governo golpista tomar posse e prestar juramento no Congresso Nacional.
Até agora os Golpistas não conseguiram isso, pois os deputados do MAS (Movimento ao Socialismo, o partido de Evo Morales), que foram eleitos em 2015, representam 2/3 do total e eles não aparecem para votar.
Assim, como os deputados do MAS simplesmente não aparecem na Câmara dos Deputados, isso acaba impedindo a votação do reconhecimento da renúncia de Evo, que precisa ser aprovada pelos deputados, e é claro que, assim, eles tampouco reconhecem a existência de um novo governo, originário do Golpe de Estado;
Por isso, pode-se dizer que, neste momento, não existe um governo funcionando na Bolívia;
4) Unificar as forças golpistas e os seus porta-vozes.
Isso também não foi alcançado. Desde que as manifestações contra o Golpe começaram não se vê quem fale por todas as forças golpistas.
Os militares é que estão sendo pressionados para tomar a iniciativa e massacrar a população, que exige a volta de Evo Morales ao cargo;
5) Não expor os militares em excesso.
O Golpe está claramente enfraquecido do ponto de vista do apoio popular e isso obrigaria a que os militares (Forças Armadas) viessem a massacrar milhares de pessoas.
Mas se eles fizessem isso, os militares teriam a sua imagem destruída perante a população boliviana e também perante a comunidade internacional. Quantos oficiais e soldados que estão, realmente, dispostos a atirar contra o seu próprio povo?
E se tivermos uma fortíssima repressão militar contra o povo, então todo o discurso de que não tivemos um Golpe de Estado na Bolívia iria por água abaixo, o que resultaria na total desmoralização de Trump, Macri, Bolsonaro e de toda a Direita da América Latina, que insiste em dizer que não tivemos Golpe na Bolívia.
Portanto, há um limite para o que os militares podem fazer.
Um massacre contra o povo boliviano poderia, agora, gerar uma reação de setores militares de perfil mais nacionalista e que são ligados às camadas populares, o que poderia levar ao surgimento de um 'Chavismo Boliviano'.
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| Apesar da criminosa e brutal repressão das Forças Armadas e da Polícia o povo boliviano não tem medo e enfrentando os Golpistas Racistas e Neofascistas. |
6) Resumindo: O Golpe na Bolívia não está consolidado.
E este Golpe poderá, sim, acabar fracassando, caso o povo boliviano não arrede pé de exigir o retorno da ordem Constitucional, o que implicaria na volta de Evo Morales ao país, a fim de concluir o seu mandato e promover a realização de novas eleições, dentro do atual marco jurídico boliviano.
A Luta Continua!
Esse texto foi baseado nas informações publicadas na conta do Twitter de Bruno Sgarzini, que escreveu o seguinte:
Hay varias cosas del golpe en Bolivia aún inconclusas:
-Cortar en seco las protestas contra el golpe
-Juramentar nuevo gobierno
-Cohesionar a los golpistas y las vocerías
-No exponer demasiado a los militares
La historia sigue.
Link:
https://twitter.com/brunosgarzini/status/1194302263143084032



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