Espanha: O movimento operário europeu, a origem do PSOE e o que representa a sua vitória nesta eleição! - Marcos Doniseti!
Espanha: O movimento operário europeu, a origem do PSOE e o que representa a sua vitória nesta eleição! - Marcos Doniseti!
Espanha: Parlamento aprova moção de censura e escolhe Pedro Sánchez como novo Primeiro-Ministro:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/deputados-iniciam-sessao-que-pode-destituir-rajoy-do-cargo-de-chefe-do-governo-da-espanha.ghtml
Entrevista com Pedro Sánchez:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/25/internacional/1556218285_890314.html
Pedro Sánchez faz discurso da vitória em Madrid:
https://www.eldiario.es/politica/PSOE-celebra-primera-victoria-once_0_893461289.html
A vitória do PSOE na Espanha:
https://www.esquerda.net/artigo/espanha-vitoria-do-psoe-maioria-esquerda-possivel/61027
PSOE vence eleições na Espanha:
https://oglobo.globo.com/mundo/socialistas-vencem-as-eleicoes-espanholas-esquerda-supera-partidos-de-direita-23628395
História do PSOE e as suas votações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Socialista_Operário_Espanhol
Pedro Sánchez discursou na comemoração da vitória do PSOE na eleição para o Parlamento espanhol, a primeira desde 2008. Ele garantiu que irá governar de forma a promover a justiça social no país. |
Social-Democracia, Socialismo e Comunismo - As origens no Movimento Operário Europeu!
1) Social-Democracia, Socialismo e Comunismo têm todos uma mesma origem,
que é o movimento operário europeu das últimas décadas do século XIX e que
sofria muitas influências de ideologias esquerdistas (anarquista e marxista,
principalmente);
2) Os partidos operários eram de inspiração marxista, até porque os
anarquistas eram contra a criação e a existência de partidos, preferindo atuar
por meio dos sindicatos. Daí porque eles eram chamados de Anarcossindicalistas que, aliás, eram
muito influentes e populares na Espanha até o final da Guerra Civil Espanhola,
principalmente na Catalunha e em Aragão;
3) Já o Partido Bolchevique (liderado por Lenin) por exemplo, era uma
corrente interna do Partido Operário Social-Democrata Russo e que rachou em
dois partidos (Menchevique e Bolchevique). Assim, depois, os Bolcheviques criaram o seu próprio partido, que
promoveu a Revolução Socialista na Rússia em Novembro de 1917;
4) Friedrich Engels, por sua vez, foi um dos fundadores do Partido
Social-Democrata Alemão (o SPD) e ajudou a redigir o seu programa;
5) O SPD foi o maior partido operário do mundo até a ascensão do Nazismo
ao poder, em 1933. Daí, Hitler aniquilou os dois partidos esquerdistas alemães,
que eram o SPD (Social-Democrata) e o KPD (Comunista). Mas o SPD não morreu e voltou a atuar politicamente depois da Segunda
Guerra Mundial, mantendo a sua ideologia marxista até 1959.
Depois disso ele passou a defender um Estado de Bem-Estar Social que beneficiou imensamente aos trabalhadores e também à classe média, o que levou ao aumento da popularidade do partido, que passou a governar a Alemanha a partir da década de 1960, primeiro em aliança com os Democratas-Cristãos e, depois, sozinho, devido ao crescimento do partido.
Willy Brandt foi o primeiro Chanceler alemão Social-Democrata no Pós-Guerra e adotou, na época, políticas muito importantes, procurando aproximar as duas Alemanhas (Oriental e Ocidental);
Depois disso ele passou a defender um Estado de Bem-Estar Social que beneficiou imensamente aos trabalhadores e também à classe média, o que levou ao aumento da popularidade do partido, que passou a governar a Alemanha a partir da década de 1960, primeiro em aliança com os Democratas-Cristãos e, depois, sozinho, devido ao crescimento do partido.
Willy Brandt foi o primeiro Chanceler alemão Social-Democrata no Pós-Guerra e adotou, na época, políticas muito importantes, procurando aproximar as duas Alemanhas (Oriental e Ocidental);
Francisco Largo Caballero foi um dos principais líderes da história do PSOE. Ele chegou a governar a Espanha na época da 'Frente Popular' (1936-1939). |
A Social-Democracia, a Terceira Via Neoliberal e a falência do Neoliberalismo!
6) Na época em que Gerhard Schroeder se tornou o líder, o SPD deu uma
guinada para a chamada 'Terceira Via', incorporando elementos do
neoliberalismo.
Aliás, o mesmo fenômeno ocorreu com outros partidos europeus que
integravam a chamada 'Internacional Socialista', incluindo o PSOE, o Partido Trabalhista
britânico, o Partido Socialista francês e o Partido Democrático italiano.
No entanto, após a crise financeira global de 2008/2009, que representou, na prática, a inviabilização da continuidade das políticas neoliberais e de arrocho nos países desenvolvidos, tivemos o início de um novo movimento dentro dos partidos ligados à Internacional Socialista e a movimentos progressistas, de Esquerda e Centro-Esquerda.
Assim, criaram-se novas lideranças e movimentos que passaram a defender a retomada das políticas de Welfare State (Estado de Bem-Estar Social), combinadas com a defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e das liberdades democráticas, dos direitos das minorias (homossexuais, imigrantes) e que condenam as ideias neofascistas da Extrema-Direita (racismo, xenofobia, islamofobia, homofobia, discurso de ódio e de defesa das Ditaduras).
Assim, Jeremy Corbyn (Reino Unido), Antônio Costa (Portugal), Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Bloco de Esquerda (Portugal), Podemos (Espanha) e o Syryza (Grécia) passaram a condenar as políticas neoliberais que estavam aumentando a concentração de renda, as desigualdades sociais e a pobreza nos países europeus.
E na Espanha, entre os partidos que integram a 'Internacional Socialista' nós tivemos o surgimento de uma nova liderança, que foi Pedro Sánchez, do PSOE;
No entanto, após a crise financeira global de 2008/2009, que representou, na prática, a inviabilização da continuidade das políticas neoliberais e de arrocho nos países desenvolvidos, tivemos o início de um novo movimento dentro dos partidos ligados à Internacional Socialista e a movimentos progressistas, de Esquerda e Centro-Esquerda.
Assim, criaram-se novas lideranças e movimentos que passaram a defender a retomada das políticas de Welfare State (Estado de Bem-Estar Social), combinadas com a defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e das liberdades democráticas, dos direitos das minorias (homossexuais, imigrantes) e que condenam as ideias neofascistas da Extrema-Direita (racismo, xenofobia, islamofobia, homofobia, discurso de ódio e de defesa das Ditaduras).
Assim, Jeremy Corbyn (Reino Unido), Antônio Costa (Portugal), Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Bloco de Esquerda (Portugal), Podemos (Espanha) e o Syryza (Grécia) passaram a condenar as políticas neoliberais que estavam aumentando a concentração de renda, as desigualdades sociais e a pobreza nos países europeus.
E na Espanha, entre os partidos que integram a 'Internacional Socialista' nós tivemos o surgimento de uma nova liderança, que foi Pedro Sánchez, do PSOE;
Pablo Iglesias (Podemos), Catarina Martins (Bloco de Esquerda) e Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) são três das principais lideranças progressistas europeias da atualidade. |
7) Mas ultimamente, com uma nova liderança, mesmo o SPD alemão está procurando
recuperar suas características de partido defensor do Welfare State. Atualmente, ele governa a Alemanha em aliança com os Democratas-Cristãos, liderados por Angela Merkel, e para compor esse governo de coalizão o SPD exigiu que Merkel adotasse medidas de caráter social, como a criação de um salário mínimo nacional.
Aliás, o Pedro Sánchez está fazendo a mesma coisa no PSOE e o Jereme
Corbyn já fez o mesmo no Partido Trabalhista britânico, do qual se tornou o
principal líder. Antonio Costa fez um movimento político parecido com o PSP em Portugal, que se aliou ao Bloco de Esquerda e ao CDU (que reúne Verdes e Comunistas) para formar um novo governo, que assumiu no final de 2015 e que está tendo ótimos resultados, contando com um elevado índice de aprovação.
Pesquisa divulgada neste 28/04/2019 mostrou, inclusive, que os partidos que formam o governo progressista de Portugal conta com 52% de intenção de voto para a próxima eleição para o Parlamento, que será realizada em Outubro. O PSP tem 37,2%, o Bloco de Esquerda tem 8,3% e o CDU tem 6,5%.
Pesquisa divulgada neste 28/04/2019 mostrou, inclusive, que os partidos que formam o governo progressista de Portugal conta com 52% de intenção de voto para a próxima eleição para o Parlamento, que será realizada em Outubro. O PSP tem 37,2%, o Bloco de Esquerda tem 8,3% e o CDU tem 6,5%.
Desta maneira, estamos vivendo uma nova época, na qual os partidos
Socialistas, Trabalhistas e Social-Democratas europeus que integram a
'Internacional Socialista' estão procurando se afastar do falido Neoliberalismo
da 'Terceira Via' e estão voltando a defender um Welfare State renovado.
Aliás, o Bernie Sanders tenta fazer o mesmo no Partido Democrata dos
EUA, trazendo de volta ideias e propostas que vão na linha do 'New Deal'
keynesiano de Franklin D. Roosevelt;
Mário Soares, François Mitterrand e Felipe González: Três dos principais líderes históricos da 'Internacional Socialista', da qual o PSOE faz parte. |
A história do PSOE!
8) O PSOE foi fundado em 02/05/1879, em plena época da Segunda Revolução Industrial. Na Espanha, a industrialização chegou com força na Catalunha e no País Basco, principalmente.
O PSOE elegeu o seu primeiro deputado (Pablo Iglesias) para o Parlamento em 1910 e em 1917 organizou uma tentativa de Revolução Socialista na Espanha, mas que acabou sendo massacrada. Além disso, o PSOE era fortemente ligado à uma poderosa Central Sindical, que era a UGT.
Logo, o PSOE é um partido com uma longa história e está bastante enraizado na sociedade espanhola, tanto que mesmo os 36 anos de Ditadura Franquista (1939-1975) não foram suficientes para destruir o mesmo.
Em 1977, Felipe González se tornou o líder do PSOE e fez com que o partido abandonasse as teses marxistas, conduzindo o mesmo à vitória na eleição para o Parlamento da Espanha em 1982, quando conquistou 10,1 milhões de votos (48,1% do total).
Felipe Gonzáles governou a Espanha por 14 anos consecutivos, até 1996, e neste período fez o país crescer e se modernizar, integrando o mesmo à União Europeia a partir de 01/01/1986. Depois de oito anos na oposição, o PSOE voltou a vencer a eleição (em 2004), com José Luís Rodríguez Zapatero, que se reelegeu em 2008. No entanto, a crise financeira global de 2008/2009 devastou a economia dos EUA e da União Europeia.
Na UE os dois países que mais sofreram com a crise foram a Grécia e a Espanha. Além deles, Itália, Portugal e Irlanda também ficaram em situação virtualmente falimentar.
E as políticas de arrocho e de austeridade que foram impostas pela Troika (Comissão Europeia, BCE e FMI) agravaram ainda mais a situação, jogando a economia da Espanha numa situação terrível. O desemprego e a pobreza aumentaram rapidamente, o que levou à derrota do PSOE na eleição de 2011. O governo que veio depois, do PP (Direita Tradicional), liderado por Mariano Rajoy, radicalizou e aprofundou tais políticas.
Mas o PSOE sofreu uma forte perda de eleitores devido às políticas de austeridade do governo Zapatero e não conseguiu atrair esse eleitorado de volta. Assim, em 2015, o PSOE teve o pior resultado da sua história, alcançando apenas 22% dos votos. Em 2016, em nova eleição, o resultado foi praticamente igual (22,7% dos votos) e Pedro Sánchez perdeu novamente a disputa para Rajoy, do mesmo PP.
Porém, esse segundo governo Rajoy foi tão desastroso, em função de escândalos de corrupção que envolveram o PP, que o mesmo não conseguiu se manter até o final do mandato e o Parlamento aprovou uma moção de desconfiança em Junho de 2018 contra Rajoy, que perdeu o cargo de Primeiro-Ministro. Assim, o Parlamento elegeu Pedro Sánchez para o cargo.
O governo de Pedro Sánchez (PSOE)!
O governo de Pedro Sánchez (PSOE)!
Desde que assumiu o comando do governo espanhol, Sánchez tratou de reverter medidas que, anteriormente, haviam prejudicado os trabalhadores, os aposentados, jovens e os mais sobres.
Assim, o valor do salário mínimo e dos benefícios previdenciários foi reajustado acima da inflação. Dos 17 ministérios, 11 passaram a ser comandados por mulheres.
O governo de Sánchez também tem uma Vice-Presidenta, que é Carmen Calvo. Na Espanha o Primeiro-Ministro é chamado de Presidente porque ele preside o Conselho de Ministros.
Ele também fortaleceu a política de direitos humanos, atuou na questão da crise migratória, passou a estimular a aplicação da Lei da Memória Histórica (para se descobrir o que aconteceu às vítimas da Guerra Civil e da Ditadura Franquista) e criou uma política energética que pretende fazer com que a Espanha tenha 47% da sua energia gerada por fontes limpas já em 2030 e que esteja neutra em carbono em 2050.
Em seu curto governo (10 meses) Pedro Sánchez também reverteu 240 mil empregos precários, de curto prazo, transformando-os em empregos com contrato por tempo indefinido, e também reverteu cortes na área da educação e do seguro-desemprego, bem como adotou uma política para reprimir a violência de gênero.
Assim, desde que se tornou o líder do PSOE, o atual Primeiro-Ministro espanhol, Pedro Sánchez, trouxe para o partido uma pauta mais progressista e atual, afastando-o da ‘Terceira Via Neoliberal’ e aproximando-o da defesa de uma retomada do Estado de Bem-Estar Social e da defesa dos direitos das mulheres e de minorias perseguidas. As políticas sociais voltaram à ordem do dia, portanto.
Assim, desde que se tornou o líder do PSOE, o atual Primeiro-Ministro espanhol, Pedro Sánchez, trouxe para o partido uma pauta mais progressista e atual, afastando-o da ‘Terceira Via Neoliberal’ e aproximando-o da defesa de uma retomada do Estado de Bem-Estar Social e da defesa dos direitos das mulheres e de minorias perseguidas. As políticas sociais voltaram à ordem do dia, portanto.
Portanto, o PSOE, um partido que completará 140 anos no próximo dia 02 de Maio, agora, incorpora em seu programa pautas que defendem o meio ambiente, os
direitos das mulheres, dos homossexuais, dos jovens, dos imigrantes, as
liberdades democráticas, os direitos humanos e concilia isso com a defesa de
uma recuperação dos salários, dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários
que haviam sido cortados após a crise financeira global de
2008/2009.
Essa renovação promovida por Pedro Sánchez é que fez com que o PSOE
reconquistasse uma parte do eleitorado, que havia perdido principalmente para o
PODEMOS, e tivesse um grande crescimento nesta eleição, permitindo que o PSOE voltasse
a ser, novamente, depois de 11 anos, o partido mais votado numa eleição.
9) Podem ter certeza de que essa vitória do PSOE, sob a liderança modernizante e renovadora de Pedro Sánchez, será bastante estudada e analisada pelos demais
partidos da ‘Internacional Socialista’.
Não é de se duvidar, portanto, que outros partidos da mesma família ideológica procurem assimilar as mudanças e inovações que o PSOE promoveu nos últimos anos e que permitiram que o partido voltasse a ganhar uma eleição alguns anos depois que, em 2015 e em 2016, tinha obtido as menores votações da sua história.
Links:Não é de se duvidar, portanto, que outros partidos da mesma família ideológica procurem assimilar as mudanças e inovações que o PSOE promoveu nos últimos anos e que permitiram que o partido voltasse a ganhar uma eleição alguns anos depois que, em 2015 e em 2016, tinha obtido as menores votações da sua história.
Logo, essa vitória do PSOE poderá representar o início de uma nova era
na política europeia, com o virtual renascimento dos partidos que integram a
‘Internacional Socialista’, das novas forças progressistas e também fortalece a resistência e a luta contra a ascensão da Extrema-Direita em todo o mundo.
Talvez ainda seja muito cedo para que a vitória do PSOE exerça um grande
impacto sobre as eleições que serão realizadas em Maio, para o Parlamento
Europeu, mas não é de se duvidar que isso venha a acontecer, desde que os
partidos da ‘Internacional Socialista’ venham a tirar as lições necessárias
deste importante acontecimento que foi a vitória do PSOE neste 28 de Abril de 2019.
Pedro Sánchez atualizou e modernizou o PSOE, levando-o á sua primeira vitória eleitoral desde 2008, quando José Luís R. Zapatero foi reeleito. |
Espanha: Parlamento aprova moção de censura e escolhe Pedro Sánchez como novo Primeiro-Ministro:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/deputados-iniciam-sessao-que-pode-destituir-rajoy-do-cargo-de-chefe-do-governo-da-espanha.ghtml
Entrevista com Pedro Sánchez:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/25/internacional/1556218285_890314.html
Pedro Sánchez faz discurso da vitória em Madrid:
https://www.eldiario.es/politica/PSOE-celebra-primera-victoria-once_0_893461289.html
A vitória do PSOE na Espanha:
https://www.esquerda.net/artigo/espanha-vitoria-do-psoe-maioria-esquerda-possivel/61027
PSOE vence eleições na Espanha:
https://oglobo.globo.com/mundo/socialistas-vencem-as-eleicoes-espanholas-esquerda-supera-partidos-de-direita-23628395
História do PSOE e as suas votações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Socialista_Operário_Espanhol
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